terça-feira, 10 de novembro de 2015

Caetano de Costa Alegre (26 de Abril de 1864 - 18 de Abril de 1890) foi um poeta de São Tomé e Príncipe.




A NEGRA



Negra gentil, carvão mimoso e lindo

Donde o diamante sai,

Filha do sol, estrela requeimada,

Pelo calor do Pai,



Encosta o rosto, cândido e formoso,

Aqui no peito meu,

Dorme, donzela, rola abandonada,

Porque te velo eu.



Não chores mais, criança, enxuga o pranto,

Sorri-te para mim,

Deixa-me ver as pérolas brilhantes,

Os dentes de marfim.



No teu divino seio existe oculta

Mal sabes quanta luz,

Que absorve a tua escurecida pele,

Que tanto me seduz.



Eu gosto de te ver a negra e meiga

E acetinada cor,

Porque me lembro, ó Pomba, que és queimada

Pelas chamas do amor;



Que outrora foste neve e amaste um lírio,

Pálida flor do vale,

Fugiu-te o lírio: um triste amor queimou-te

O seio virginal.



Não chores mais, criança, a quem eu amo,

Ó lindo querubim,

O amor é como a rosa, porque vive

No campo, ou no jardim.



Tu tens o meu amor ardente, e basta

Para seres feliz;

Ama a violeta que a violeta adora-te

Esquece a flor-de-lis.

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