sábado, 28 de novembro de 2015
terça-feira, 24 de novembro de 2015
As belas meninas pardas - Alda Lara
Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque nasceu em Benguela, Angola, no dia 9 de junho de 1930.
AS BELAS MENINAS PARDAS
As belas meninas pardas
são belas como as demais.
Iguais por serem meninas,
pardas por serem iguais.
Olham com olhos no chão.
Falam com falas macias.
Não são alegres nem tristes.
São apenas como são
todos dos dias.
E as belas meninas pardas,
estudam muito, muitos anos.
Só estudam muito. Mais nada.
Que o resto, trás desenganos>>>
Sabem muito escolarmente.
Sabem pouco humanamente.
Nos passeios de domingo,
andam sempre bem trabajadas.
Direitinhas. Aprumdas.
Não conhecem o sabor que tem uma gargalhada
(Parece mal rir na rua!...)
E nunca viram a lua,
debruçada sobre o rio,
às duas da madrugada.
Sabem muito escolarmente.
Sabem pouco humanamente.
E desejam, sobretudo, um casamento decente...
O mais, são histórias perdidas...
Pois que importam outras vidas?...
outras raças?... , outros mundo?...
que importam outras meninas,
felizes, ou desgraçadas?!...
As belas meninas pardas,
dão boas mães de família,
e merecem ser estimadas...
AS BELAS MENINAS PARDAS
As belas meninas pardas
são belas como as demais.
Iguais por serem meninas,
pardas por serem iguais.
Olham com olhos no chão.
Falam com falas macias.
Não são alegres nem tristes.
São apenas como são
todos dos dias.
E as belas meninas pardas,
estudam muito, muitos anos.
Só estudam muito. Mais nada.
Que o resto, trás desenganos>>>
Sabem muito escolarmente.
Sabem pouco humanamente.
Nos passeios de domingo,
andam sempre bem trabajadas.
Direitinhas. Aprumdas.
Não conhecem o sabor que tem uma gargalhada
(Parece mal rir na rua!...)
E nunca viram a lua,
debruçada sobre o rio,
às duas da madrugada.
Sabem muito escolarmente.
Sabem pouco humanamente.
E desejam, sobretudo, um casamento decente...
O mais, são histórias perdidas...
Pois que importam outras vidas?...
outras raças?... , outros mundo?...
que importam outras meninas,
felizes, ou desgraçadas?!...
As belas meninas pardas,
dão boas mães de família,
e merecem ser estimadas...
terça-feira, 17 de novembro de 2015
Quartéis os furos de casa - Abreu Paxe
Abreu Castelo Vieira dos Paxe é um poeta angolano nascido em 1969, na Província do Uíge. Filho de operário e de mãe doméstica, venceu o concurso "Um Poema para África" em 2000.
quartéis os furos de casa
as veias sémen debruçadas minúsculas incandescências
a cinza o carvão o cachimbo o cigarro
sinais maiúsculos a noite
por uma sílaba cicatrizes abrem a porta
regressam a superfície artérias e trepadeiras
tijolos cujas paredes guardavam
pouca luz ao atravessar jardins crianças tardes de fogo
desce pelos metais o barco visita quartéis os furos de casa
In A Chave no Repouso da Porta, INIC, Luanda, 2003, p. 21
quartéis os furos de casa
as veias sémen debruçadas minúsculas incandescências
a cinza o carvão o cachimbo o cigarro
sinais maiúsculos a noite
por uma sílaba cicatrizes abrem a porta
regressam a superfície artérias e trepadeiras
tijolos cujas paredes guardavam
pouca luz ao atravessar jardins crianças tardes de fogo
desce pelos metais o barco visita quartéis os furos de casa
In A Chave no Repouso da Porta, INIC, Luanda, 2003, p. 21
sábado, 14 de novembro de 2015
terça-feira, 10 de novembro de 2015
Caetano de Costa Alegre (26 de Abril de 1864 - 18 de Abril de 1890) foi um poeta de São Tomé e Príncipe.
A NEGRA
Negra gentil, carvão mimoso e lindo
Donde o diamante sai,
Filha do sol, estrela requeimada,
Pelo calor do Pai,
Encosta o rosto, cândido e formoso,
Aqui no peito meu,
Dorme, donzela, rola abandonada,
Porque te velo eu.
Não chores mais, criança, enxuga o pranto,
Sorri-te para mim,
Deixa-me ver as pérolas brilhantes,
Os dentes de marfim.
No teu divino seio existe oculta
Mal sabes quanta luz,
Que absorve a tua escurecida pele,
Que tanto me seduz.
Eu gosto de te ver a negra e meiga
E acetinada cor,
Porque me lembro, ó Pomba, que és queimada
Pelas chamas do amor;
Que outrora foste neve e amaste um lírio,
Pálida flor do vale,
Fugiu-te o lírio: um triste amor queimou-te
O seio virginal.
Não chores mais, criança, a quem eu amo,
Ó lindo querubim,
O amor é como a rosa, porque vive
No campo, ou no jardim.
Tu tens o meu amor ardente, e basta
Para seres feliz;
Ama a violeta que a violeta adora-te
Esquece a flor-de-lis.
A NEGRA
Negra gentil, carvão mimoso e lindo
Donde o diamante sai,
Filha do sol, estrela requeimada,
Pelo calor do Pai,
Encosta o rosto, cândido e formoso,
Aqui no peito meu,
Dorme, donzela, rola abandonada,
Porque te velo eu.
Não chores mais, criança, enxuga o pranto,
Sorri-te para mim,
Deixa-me ver as pérolas brilhantes,
Os dentes de marfim.
No teu divino seio existe oculta
Mal sabes quanta luz,
Que absorve a tua escurecida pele,
Que tanto me seduz.
Eu gosto de te ver a negra e meiga
E acetinada cor,
Porque me lembro, ó Pomba, que és queimada
Pelas chamas do amor;
Que outrora foste neve e amaste um lírio,
Pálida flor do vale,
Fugiu-te o lírio: um triste amor queimou-te
O seio virginal.
Não chores mais, criança, a quem eu amo,
Ó lindo querubim,
O amor é como a rosa, porque vive
No campo, ou no jardim.
Tu tens o meu amor ardente, e basta
Para seres feliz;
Ama a violeta que a violeta adora-te
Esquece a flor-de-lis.
sábado, 7 de novembro de 2015
terça-feira, 3 de novembro de 2015
Angulares - Alda do Espírito Santo
Alda Neves da Graça do Espírito Santo (São Tomé e Príncipe 1926 - 9 de Março de 2010), conhecida como Alda do Espírito Santo, foi uma escritora e poetisa de língua portuguesa.
ANGULARES
Canoa frágil, à beira da praia,
panos presos na cintura,
uma vela a flutuar...
Calema, mar em fora
canoa flutuando por sobre as procelas das águas,
lá vai o barquinho da fome.
Rostos duros de angolares
na luta com o gandú
por sobre a procela das ondas
remando, remando
no mar dos tubarões
p'la fome de cada dia.
Lá longe, na praia,
na orla dos coqueiros
quissandas em fila,
abrigando cubatas,
izaquente cozido
em panelas de barro.
Hoje, amanhã e todos os dias
espreita a canoa andante
por sobre a procela das águas.
A canoa é vida
a praia é extensa
areal, areal sem fim.
Nas canoas amarradas
aos coqueiros da praia.
O mar é vida.
P'ra além as terras do cacau
nada dizem ao angolar
"Terras tem seu dono".
E o angolar na faina do mar,
Tem a orla da praia,
as cubatas de quissandas,
as gibas pestilentas,
mas não tem terras.
P'ra ele, a luta das ondas,
a luta com a gandú,
as canoas balouçando no mar
e a orla imensa da praia.
ANGULARES
Canoa frágil, à beira da praia,
panos presos na cintura,
uma vela a flutuar...
Calema, mar em fora
canoa flutuando por sobre as procelas das águas,
lá vai o barquinho da fome.
Rostos duros de angolares
na luta com o gandú
por sobre a procela das ondas
remando, remando
no mar dos tubarões
p'la fome de cada dia.
Lá longe, na praia,
na orla dos coqueiros
quissandas em fila,
abrigando cubatas,
izaquente cozido
em panelas de barro.
Hoje, amanhã e todos os dias
espreita a canoa andante
por sobre a procela das águas.
A canoa é vida
a praia é extensa
areal, areal sem fim.
Nas canoas amarradas
aos coqueiros da praia.
O mar é vida.
P'ra além as terras do cacau
nada dizem ao angolar
"Terras tem seu dono".
E o angolar na faina do mar,
Tem a orla da praia,
as cubatas de quissandas,
as gibas pestilentas,
mas não tem terras.
P'ra ele, a luta das ondas,
a luta com a gandú,
as canoas balouçando no mar
e a orla imensa da praia.
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