terça-feira, 6 de outubro de 2015

- Caetano de Costa Alegre

Caetano de Costa Alegre (26 de Abril de 1864 - 18 de Abril de 1890) foi um poeta de São Tomé e Príncipe.







CANTARES SANTOMENSES

(A meu tio Jerônimo José da Costa)



Branca a espuma e negra a rocha,

Qual mais constante há-de ser,

A espuma indo e voltando,

A rocha sem se mexer?



Não creias que em teu jazigo

Alguém parta o coração,

No mundo quem morre, morre,

Quem cá fica come pão.



Não me dizem quanto tempo

Tenho ainda que viver,

Ficava ao menos sabendo

Quando finda o meu sofrer.



Se eu me casasse contigo,

Fazia um voto de ferro,

De deixar-te unicamente

No dia do meu enterro.



Todos me dizem: “esquece

Essa paixão, que te abrasa”.

Que serve fechar a porta

Ao fogo que tenho em casa?



Não havia tanta cara

De asno, de tolo e pedante,

Se falasse, quem censura,

Com um espelho adiante.



Brotam espinhos da rosa,

O incêndio brota do lume.

A traição brota das juras,

Brota do amor o ciúme.



Numa loja conhecida

O que é cem custa duzentos,

Levam dinheiro em fazendas

E o tempo nos cumprimentos.



Macaco, chamaste tolo

Ao meu pequeno sagüi.

Também queria que ouvisses

O que ele disse de ti.



Por teu desdém não me mato,

Não faço tamanha asneira,

Se o meu amor tu não queres,

Há muita gente que o queira.



Quem pode num campo vasto

O joio apartar dos trigos?

Quem conhece dentre os falsos

Os verdadeiros amigos?

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