Abreu Castelo Vieira dos Paxe é um poeta angolano nascido em 1969, na Província do Uíge. Filho de operário e de mãe doméstica, venceu o concurso "Um Poema para África" em 2000.
uma mulher a sombra do poeta
depois os árabes adormecem subúrbios
no regaço aquários da bota orvalhada luz se apagava
proeminente aonde quisesse rasgava saiotes
e assaltava com as palavras os rijos jornais da noite seios
comigo húmidos habitavam os peixes magoados
no rosto do primeiro livro um beijo um vapor
os guerreiros curados e cansados lábios há três dias
operadores negros comiam e bebiam rios
as auroras em festa lentamente sobre a sombra do poeta
viajam transportando águas e cidades na garganta as
águas e cidades escrevem a luminosidade dos pés
In A Chave no Repouso da Porta, INIC, Luanda, 2003, p.20
terça-feira, 31 de maio de 2016
sábado, 28 de maio de 2016
terça-feira, 24 de maio de 2016
Seus Olhos - Almeida Garrett
Seus Olhos
Seus olhos - que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! - e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'
Seus olhos - que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! - e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'
sábado, 21 de maio de 2016
sábado, 14 de maio de 2016
terça-feira, 3 de maio de 2016
Soneto da Saudade - Jorge de Lima
Soneto da Saudade
Quem não canta?Quem?Quem não canta e sente?
-Chama que já passou mas que assim mesmo é chama…
A saudade, eu a sinto infinda, confidente.
Que de longe me acena e fascina e chama…
Mágoa de todo o mundo e que tem toda gente:
Uns sorrisos de mãe… uns sorrisos de dama…
…Um segredo de amor que se desfaz e mente…
Quem não teve? Quem? Quem não os teve e os ama?
Olhos postos ao léu, altivagos, à toa,
Quantas vezes tu mesmo, a cismar, de repente
Te ficaste gozando uma saudade boa?
Se vês que em teu passado uma saudade adeja,
-Faze que uma saudade a ti seja presente!
-Faze que tua morte uma saudade seja!
Quem não canta?Quem?Quem não canta e sente?
-Chama que já passou mas que assim mesmo é chama…
A saudade, eu a sinto infinda, confidente.
Que de longe me acena e fascina e chama…
Mágoa de todo o mundo e que tem toda gente:
Uns sorrisos de mãe… uns sorrisos de dama…
…Um segredo de amor que se desfaz e mente…
Quem não teve? Quem? Quem não os teve e os ama?
Olhos postos ao léu, altivagos, à toa,
Quantas vezes tu mesmo, a cismar, de repente
Te ficaste gozando uma saudade boa?
Se vês que em teu passado uma saudade adeja,
-Faze que uma saudade a ti seja presente!
-Faze que tua morte uma saudade seja!
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