sábado, 30 de abril de 2016
terça-feira, 26 de abril de 2016
terça-feira, 19 de abril de 2016
Sentidos aquartelado papel
Abreu Castelo Vieira dos Paxe é um poeta angolano nascido em 1969, na Província do Uíge. Filho de operário e de mãe doméstica, venceu o concurso "Um Poema para África" em 2000.
Sentidos aquartelado papel
pernoitam portas envelhecidas
superfície sobre o papel estrumados sentidos
por cima da mesa lágrimas
estendidos dícticos cujos os sentidos de pó velho
renasce a cidade
dá cor caiada as galáxias bocas com zoológica consistência
sinalizada fica a cor dos ossos
outros corpos inocentes campos lavrados campos as veias
debruçadas em minúsculas incandescência mancham
a outra cidade entre partos paralelos lamas cinzentos corposIn A Chave no Repouso da Porta, INIC, Luanda, 2003, p.22
Sentidos aquartelado papel
pernoitam portas envelhecidas
superfície sobre o papel estrumados sentidos
por cima da mesa lágrimas
estendidos dícticos cujos os sentidos de pó velho
renasce a cidade
dá cor caiada as galáxias bocas com zoológica consistência
sinalizada fica a cor dos ossos
outros corpos inocentes campos lavrados campos as veias
debruçadas em minúsculas incandescência mancham
a outra cidade entre partos paralelos lamas cinzentos corposIn A Chave no Repouso da Porta, INIC, Luanda, 2003, p.22
sábado, 16 de abril de 2016
Gozo e Dor - Almeida Garrett
Gozo e Dor
Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
- Não. Ai não; falta-me a vida;
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.
Dói-me a alma, sim; e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.
É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida - ou a razão.
Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'
Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
- Não. Ai não; falta-me a vida;
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.
Dói-me a alma, sim; e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.
É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida - ou a razão.
Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'
terça-feira, 5 de abril de 2016
sexta-feira, 1 de abril de 2016
Basta, Destino Severo - Marquesa de Alorna
Basta, Destino Severo
Basta, destino severo:
Em dias tão malogrados
Me trocaste sem piedade
Instantes afortunados.
Quais voltas do sol os raios
Pelas trevas apagados,
Voltai, se podeis, instantes,
Instantes afortunados!
Voto imprudente! Que digo?
Só posso esperar cuidados,
Uma vez que os interrompem
Instantes afortunados.
Marquesa de Alorna, in 'Antologia Poética'
Basta, destino severo:
Em dias tão malogrados
Me trocaste sem piedade
Instantes afortunados.
Quais voltas do sol os raios
Pelas trevas apagados,
Voltai, se podeis, instantes,
Instantes afortunados!
Voto imprudente! Que digo?
Só posso esperar cuidados,
Uma vez que os interrompem
Instantes afortunados.
Marquesa de Alorna, in 'Antologia Poética'
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