sábado, 27 de junho de 2015
quarta-feira, 24 de junho de 2015
sábado, 20 de junho de 2015
Invenção na sombra - Antônio Silva Graça
António Silva Graça nasceu em Moçambique em 1937.
INVENÇÃO NA SOMBRA
Como posso definir-te?
Uma luz lógica
transforma o teu limiie
numa fronteira inútil.
Só uma ciência incerta
é capaz de descobrir-te.
De morder o teu perfil.
De possuir-te inteira.
O rigor desta ciência
enche-me de conceitos.
De preconceitos cegos.
Ao tocar-te, perco-te.
Depois, invento-te na sombra.
quarta-feira, 17 de junho de 2015
sábado, 13 de junho de 2015
quarta-feira, 10 de junho de 2015
sábado, 6 de junho de 2015
Quem Diz que Amor é um Crime - Marquesa de Alorna
Quem Diz que Amor é um Crime
Quem diz que amor é um crime
Calunia a natureza,
Faz da causa organizante
Criminosa a singeleza.
Que vejo, céus! Que não seja
De uma atracção resultado?
Atracção e amor é o mesmo;
Logo amor não é pecado.
Se respiro, a atmosfera,
Com um fluido combinado,
É quem me sustenta a vida
Dentro do peito agitado.
Se vejo mares, se fontes,
Rio, cristalino lago,
Dois gases se unem, formando
Aguas com que a sede apago.
Uma lei de afinidade
Se acha nos corpos terrenos;
Ácidos, metais, alcalis,
Tudo se une mais ou menos.
De que sou feita? – De terra;
Nela me hei de converter:
Se amor arder em meu peito
É da essencia do meu ser.
Sem que te ofenda razão,
Quero defender o amor;
Se contigo não concorda
Não é virtude, é furor.
Marquesa de Alorna, in 'Antologia Poética'
Quem diz que amor é um crime
Calunia a natureza,
Faz da causa organizante
Criminosa a singeleza.
Que vejo, céus! Que não seja
De uma atracção resultado?
Atracção e amor é o mesmo;
Logo amor não é pecado.
Se respiro, a atmosfera,
Com um fluido combinado,
É quem me sustenta a vida
Dentro do peito agitado.
Se vejo mares, se fontes,
Rio, cristalino lago,
Dois gases se unem, formando
Aguas com que a sede apago.
Uma lei de afinidade
Se acha nos corpos terrenos;
Ácidos, metais, alcalis,
Tudo se une mais ou menos.
De que sou feita? – De terra;
Nela me hei de converter:
Se amor arder em meu peito
É da essencia do meu ser.
Sem que te ofenda razão,
Quero defender o amor;
Se contigo não concorda
Não é virtude, é furor.
Marquesa de Alorna, in 'Antologia Poética'
Meus oito anos - Casemiro de Abreu
MEUS OITO ANOS
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
quarta-feira, 3 de junho de 2015
Ascensão - Alberto de Lacerda
Alberto Correia de Lacerda (Ilha de Moçambique, 20 de Setembro de 1928 — Londres, 26 de Agosto de 2007) foi um poeta português. Nascido no Norte de Moçambique
ASCENSÃO
Vou construindo a Verdade com degraus de pedra,
de pedra gemendo em doloroso sangue,
E à medida que as mãos pedem Perfeição
(as operárias mãos da alma insatisfeita)
seres invisíveis, puros, delicados,
afastam do meu ser as capas que me são
completamente alheias.
Solitade completa — o meu misténo
desta escadaria dolorosa.
Mas há no fim de tudo um lúcido Clarão.
É como a Cruz antiga que possui no meio
uma perfeita Rosa.
ASCENSÃO
Vou construindo a Verdade com degraus de pedra,
de pedra gemendo em doloroso sangue,
E à medida que as mãos pedem Perfeição
(as operárias mãos da alma insatisfeita)
seres invisíveis, puros, delicados,
afastam do meu ser as capas que me são
completamente alheias.
Solitade completa — o meu misténo
desta escadaria dolorosa.
Mas há no fim de tudo um lúcido Clarão.
É como a Cruz antiga que possui no meio
uma perfeita Rosa.
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