terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Niketche - Paulina Chiziane

Rami, casada há vinte anos com Tony, um alto funcionário da polícia, de quem tem vários filhos, descobre que o partilha com várias mulheres, com as quais ele constituiu outras famílias. O seu casamento, de «papel passado» e aliança no dedo, resume-se afinal a um irónico drama de que ela é apenas uma das personagens. Numa procura febril, Rami obriga-se a conhecer «as outras». O seu marido é um polígamo! Na via dolorosa que então começa, séculos de tradição e de costumes, a crueldade da vida e as diferenças abissais de cultura entre o norte e o sul da terra que é sua, esmagam-na. E só a sabedoria infinita que o sofrimento provoca lhe vai apontando o rumo num labirinto de emoções, de revelações, de contradições e perigosas ambiguidades. Poligamia e monogamia, que significado assumem? Cultura, institucionalização, hipocrisia, comodismo, convenção ou a condição natural de se ser humano, no quadro da inteligência e dos afectos? Paulina Chiziane estende-nos o fio de Ariadne e guia-nos com o desassombro, a perícia e a verdade de quem conhece o direito e o avesso da aventura de viver a vida. Niketche, dança de amor e erotismo, é um espelho em que nos vemos e revemos, mas no qual, seguramente, só alguns de nós admitirão reflectir-se. 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Os cavalinhos de Platiplanto - José J. Veiga



Os cavalinhos de Platiplanto

A história é narrada por um adulto que conta episódios da sua vida durante a infância. Apesar de ser uma narração de fatos, a história toma um rumo fantasioso, levando em consideração a imaginação da criança.

Um garoto machuca o seu pé ao brincar. Seu avô, por quem tinha muito apreço, tenta ajudá-lo no curativo. Com medo de sentir dor, o garoto não deixa, mas é convencido com uma proposta feita pelo avô: caso ele deixasse fazer o curativo, ganharia um cavalinho para que acompanhasse a folia da Festa do Divino, que tanto gostava. Logo, assim o deixou. Mesmo o pé ainda estando inchado ele não parava de sonhar com o cavalinho que o avô lhe daria. Mas o homem adoece, e a criança recebe a notícia de que ele nunca mais voltaria consequentemente, seu tão sonhado cavalinho também não. Chateado, ele resolve ir visitar uma fazenda perto de onde morava. No caminho encontra situações estranhas. Um homem para e lhe pede ajuda para construir uma ponte, que a faz com muito gosto; Encontra um menino no caminho que estava tocando bandolim, para e o escuta tocar, depois vai embora seguindo caminho da fazenda. Chegando na fazenda a criança conversa com o seu morador que lhe informa que naquele local ele poderia ver os cavalinhos, dos mesmos que seu avô havia falado que lhe daria. Depara-se com uma arquibancada que estava ocupada por muitas pessoas e uma arena, onde se encontrava os cavalos, sendo estes todos coloridos. Os animais pulavam, dançavam, fizeram um verdadeiro espetáculo, que deixou a criança cada vez mais encantada. Ao final do espetáculo, o menino é informado que poderá ficar com todos aqueles cavalos, pedido esse feito pelo seu avô, que estava cumprindo sua promessa, porém aqueles animais não podem sair daquela fazenda, pois eles só existem lá, em Platiplanto.

Após esse episódio o menino cai em si e percebe que estava sonhando, e prefere não contar a ninguém o que acontecera, já que as pessoas poderiam rir dele, e assim ele poderia voltar àquele lugar quando quisesse.

Mesmo que seja uma história com um ponto de vista de uma criança, o conto não é tão infantil quanto parece. A criança consegue lidar com a situação de que seu avô que tanto ama, não voltaria mais, e que seu presente também não. Com alguns pensamentos essa criança consegue tomar decisões e ir atrás do que deseja.